MENTALIDADE MONÁSTICA: SEXO EQUIVALE A PECADO!

   É certamente legítimo perguntar por que o sexo foi associado com o pecado por tanto tempo (Michel Foucault, The History of Sexuality, 1978).

   O entrincheiramento de doutrinas anti-sexuais no cristianismo não se deve tanto a más interpretações da Bíblia como aos ensinamentos e escritos propositadamente anti-sexo de certos indivíduos. Nos séculos que se seguiram a Jesus, um grupo de ascetas surgiu em posições de poder e influência na Igreja.

   No período pós-apostólico, escritores cristãos começaram a expressar pontos de vista bem mais restritivos em relação ao papel do sexo na vida humana... Os líderes da Igreja precisavam lidar com os problemas que as relações sexuais levantavam dentro da comunidade cristã. Havia um amplo consenso de que o sexo conjugal era aceitável, embora um número de escritores importantes tenham buscado desencorajar o sexo entre os devotos. Alguns grupos cristãos aberrantes ensinavam que os cristãos não estavam sujeitos a restrições sexuais e que poderiam ter relações com quem desejassem. Outros, desencaminhados em suas doutrinas, queriam proibir totalmente as relações sexuais, mesmo no casamento (Brundage, 1987:74,75).

   Infelizmente, o lobby anti-sexo dos dissidentes em doutrina levou a melhor no conflito sobre o sexo, rotulando rapidamente seus irmãos liberados sexualmente de hereges e "aberrantes," coisa que fazem até hoje. Alguns dos primeiros, como veremos, se sentiam tão sexualmente desconfortáveis com partes da Bíblia, que praticamente proibiram a leitura delas, temendo que as pessoas caíssem no pecado devido a todos os pensamentos sexuais pecaminosos que poderiam ter se lessem partes sugestivas das Escrituras.

   Reay Tannahill, na sua última versão corrigida de Sex in History, observa:
   O que o mundo moderno ainda entende por "pecado" não vem dos ensinamentos de Jesus de Nazaré, nem das tábuas dadas no Sinai, mas sim das vicissitudes sexuais antigas de uns poucos homens que viveram nos dias da decadência da Roma imperial (Tannahill, 1992: 138).

   Certos membros da igreja não demoram em citar que a preferência do grande "eunuco" por amor ao Evangelho, o próprio São Paulo, era permanecer celibatário, achando que era bom nem sequer tocar numa mulher. Contudo, ele declara em I Coríntios 7:12 e 25 que isso era inteiramente a sua opinião, e não a do Senhor. O próprio Jesus não demonstrou nenhuma dessas apreensões por tocar numa mulher ou ser tocado mesmo pelas mulheres mais questionáveis social e sexualmente, até mesmo em público (Lucas 7:37-39,44). Mesmo o sexualmente reservado São Paulo, advertiu sobre um maligno declínio sexual que estava para vir no Cristianismo:


   O Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios; pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência; proibindo o casamento, e ordenando a abstinência dos manjares que Deus criou para os fiéis, e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de graças (I Timóteo 4:1-3).

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