EROS E ÁGAPE - QUANTA DIFERENÇA EXISTE ENTRE ELES?

       Phillip Sharrard, ex-diretor assistente da Escola Britânica de Atenas, orador da História da Igreja Ortodoxa na Universidade de Londres, no seu livro Cristianismo e Eros, toca no fato de que o amor cristão que envolve sexo e o amor cristão não-sexual são partes do amor de Deus:

       Temos a tendência de fazer distinção entre o amor de Deus e o amor de uma pessoa por outra - de fazer distinção entre ágape e eros - e de considerar o segundo como uma forma um tanto degradada do primeiro, ao qual nos entregamos somente às custas do primeiro. Num amor sacramental sexualizado, não existe tal distinção. (Sherrad, 1976:2)

       O escritor galês e sacerdote anglicano David Thomas, apresenta um ponto de vista espiritual do sexo não muito diferente do encontrado nos escritos de David Brandt Berg. No seu livro Parceiros com Deus: Uma Celebração da Sexualidade Humana, que serve de manual em sessões de apreço sexual, Thomas escreve:

       Se o sexo é uma expressão de amor, então os cristãos, mais do que todas as outras pessoas, deveriam ter um deleite especial nele. Infelizmente não é esse o caso. Precisamos em vez disso, desenvolver atitudes que possam fazer da nossa sexualidade algo enriquecedor e de grande beleza , como se pretendia que fosse. Usado adequadamente [nosso corpo] é um milagre da criação, um instrumento de amor. Sua exibição pode ser um salmo glorioso de louvor a um Criador sábio e compassivo. A pessoa que mantém um corpo sexualmente alerta, em sintonia com pensamentos positivos e amorosos, e uma alma aberta ao toque de Deus, está em harmonia tanto com a criação como com o Criador. Somente aqueles que compreenderam o princípio de dar no que se refere ao amor, descobriram a qualidade de crescimento que elevou seus relacionamentos até aos próprios portões do céu. Na verdade, fazer amor era para ser uma celebração da vida, da alegria, da compaixão e de Deus. Nossa sexualidade é uma parte da criação, designada a nós desde a existência do tempo. Porque, já que se originou em Deus, a sexualidade cumpre-se melhor quando reflete a natureza de Deus - ao dar, ao se interessar, ao cuidar. Neste espírito podemos usar nossa sexualidade para cumprir nossa própria existência e para enriquecer o ser daqueles cuja vida tocamos. E no mesmo espírito, podemos fazer do nosso relacionamento amoroso especial, uma alegria cristã e um relance erótico da presença criativa de Deus. Amar com generosidade e compreensão é proclamar com nossos corpos a essência de Cristo. Quanto a Cristo ter tido ou não quaisquer experiências sexuais explícitas - e a mera insinuação basta para enfurecer muitos cristãos beatos - não tenho a menor dúvida que Ele realçou a percepção que outros tinham da sua sexualidade. Ele não negou este dom de Deus, Ele o realçou. (Thomas, 1986: 29, 33, 35, 39, 50, 57, 60, 90)


       De acordo com o Relatório Janus, até mesmo a posição do homem em cima da mulher está "caindo da graça" dos cristãos. 40% das pessoas "muito religiosas" indicaram no estudo que concordam, ou fortemente concordam, que "uma grande variedade de técnicas sexuais é imprescindível para o prazer máximo". E 77% dos "muito religiosos" e 84% das pessoas "religiosas", até mesmo classificaram o "sexo oral" como sendo desde "tudo bem" até "muito normal" (Janus, 1993:244, 245, 254).

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